Whindersson ganha quase R$ 300 mil mensais, diz site


BRASIL - Quanto ganham os mais famosos youtubers do país? Está aí um dos maiores mistérios da internet, já que o algoritmo do YouTube que calcula qual quinhão da publicidade será repassada aos donos de seus canais é secreto e os ganhos podem variar bastante mês a mês. Mas o Social Blade, site americano criado em 2008 que se tornou referência em análise de dados, tem conseguido colocar luz nas especulações.

Imagem: Reprodução.
As estimativas divulgadas são um tanto elásticas. O piauiense Whindersson, por exemplo, receberiam só pelos acessos do YouTube (ou seja, sem contar o número muito maior que ganham com livros, eventos, publicidade e outros trabalhos) de 55.000 a 880.000 reais e a paranaense Kéfera Buchmann entre 12.300 e 200.000 a cada mês. Mas uma série de youtubers bem sucedidos ouvidos pela reportagem diz que não é difícil decifrar o valor real: em geral, ele está mais próximo do mínimo estimado. O site é referência entre os grandes nomes da área, que costumam consultar as métricas dos colegas, em geral no aplicativo Social Blade, que pode ser baixado gratuitamente. Oficialmente, nenhum confirma o quanto ganha.


Como funciona

Fundado em 2005, o YouTube revolucionou o mercado publicitário da internet. São os comerciais (muitas vezes inconvenientes) exibidos no site que mantêm os canais do site e seus donos. Para ser parceiro do site de vídeos e faturar, os canais devem cumprir uma série de requisitos e, claro, produzir material de qualidade e em grande quantidade. Resumindo: para ganhar dinheiro como youtuber, é preciso acumular uma legião de inscritos e milhões de visualizações. No Brasil, o desenho animado Galinha Pintadinha tem o canal com mais visualizações mensais (ultrapassa 4 milhões) e, segundo o SB, faturaria entre 158.000 a 2,5 milhões de reais mensais.

Qualquer pessoa pode se tornar parceiro do YouTube, mas há normas. Existem diferentes tipos de anúncio no site – o mais comum é aquele “pulável”, que passa antes, durante ou depois dos vídeos. Há ainda anúncios “não ignoráveis” e outros “clicáveis” (fora da tela de vídeo). O importante para os anunciantes e, por consequência, para os canais, é que os usuários do YouTube assistam ou cliquem nos comerciais, o que, naturalmente, aumentará os lucros de todos os envolvidos.

Para que marcas anunciem em seus vídeos, os canais precisam assinar um termo de parceria com o YouTube. Entre outras regras, os canais precisam ter 100% do direito autoral de seus materiais (o que impede que músicas de bandas famosas sejam utilizadas, por exemplo). Cada vez que um canal atinge 100 dólares de retorno publicitário, o Google faz uma transferência eletrônica internacional para sua conta bancária cadastrada.

Os donos dos canais, porém, não ficam com o valor total dos anúncios. O YouTube não revela o valor de sua cota, mas, de acordo com sites especializados de todo o mundo, incluindo o Social Blade, a empresa fica com 45% do valor das propagandas. Uma forma de “burlar o fisco” do YouTube é anunciar dentro do próprio vídeo (Kéfera, por exemplo, é patrocinada pela Adidas e grava a maioria de seus vídeos vestindo roupas da marca alemã).

Os cálculos do Social Blade

O Social Blade calcula os ganhos dos canais de YouTube com base em uma medida utilizada no ramo da publicidade: RPM (receita por mil impressões), que é, basicamente, o valor que os canais recebem dos anunciantes a cada 1.000 visualizações de vídeo. “Os ganhos reais dependem de vários fatores como, por exemplo, de onde os espectadores estão assistindo os vídeos (celulares ou desktops), se utilizam softwares de bloqueio de anúncios, se assistem os anúncios completos, etc”, explica Jason Urgo, fundador e CEO do Social Blade.

Como apenas o Google, que controla o YouTube, sabe os reais valores, o Social Blade se baseia em uma média baixa de RPM para a indústria – 25 centavos de dólar (83 centavos de real) a cada 1.000 visualizações – até uma média alta – 4 dólares (cerca de 13 reais). “Consultei meus parceiros sobre os números do último mês: no Brasil, a taxa média foi de cerca de 59 centavos de dólar por 1.000 visualizações, enquanto nos EUA foi de 1,94 dólar”, conta Urgo.

Ranking

O Social Blade mantém em seu site um ranking no qual avalia a qualidade dos canais do YouTube – os melhores recebem nota A++. Antes, o ranking se baseava apenas no número de inscritos, mas foi se desenvolvendo ao longo dos anos. “Alguém poderia ter um zilhão de inscritos trapaceando, sem ter qualquer visualização. O sistema de classificação do Social Blade mede a influência de um canal com base em uma variedade de métricas, incluindo médias de contagens de visualização e a quantidade de “outros canais” listados nos vídeos”, explica o site em sua sessão de “perguntas frequentes”.

“Modificamos o que vai para o ranking SB de vez em quando, mas atualmente analisamos mais as visualizações mensais, que é a métrica mais importante para o YouTube. Portanto, se uma pessoa, por algum motivo, excluir um vídeo com milhões de acessos, sua classificação irá diminuir”.  O canal Kondzilla, da produtora fonográfica homônima, é um dos três mais bem colocado entre os brasileiros (juntamente com Galinha Pintadinha e AuthenticGames, todos com A+ no ranking) e 38º do mundo, diz que a estimativa do Social Blade não procede. “Não falamos sobre receita, mas está anos-luz longe dessa menor estimativa (para menos…)”

O Social Blade

O Social Blade foi fundado despretensiosamente pelo americano Jason Urgo, 35 anos, formado em Ciência da Computação pela Universidade de Massachusetts, que em seu Twitter se define como um “amador em tecnologia, criação de vídeo e mídias sociais”. O site estreou em 2008, com o objetivo de quebrar o algoritmo e acompanhar as estatísticas do Digg, (site americano que reúne links para notícias, podcasts e videos enviados pelos próprios usuários e avaliados por eles), apenas por diversão. Em 2010, o site começou a acompanhar as estatísticas do YouTube. Em 2013 e 2014, passou a analisar dados do Twitch e do Instagram, respectivamente. O Social Blade foi oficializado em 2012, quando deixou de ser um passatempo de Urgo.

“Um hobby que adoro se transformou em um trabalho que ajuda milhões de pessoas. Eu realmente não posso reclamar.” Urgo vive na cidade de Raleigh, na Carolina do Norte, e, assim como seus cinco funcionários, trabalha de casa. “Sou fundador e CEO do Social Blade e cuido do dia a dia da empresa. Tenho cinco empregados que ajudam com o suporte e desenvolvimento contínuo do site, nossa gestão de canais e consultoria, e nosso programa de comunidade e parceria.”


Fonte: Veja  

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