Autismo: saiba como identificar os primeiros sinais


PICOS - Estima-se que no Brasil existam hoje cerca de 2 milhões de pessoas portadoras do espectro autista, sendo que 80% ainda estão sem diagnóstico. Segundo os especialistas, o autismo infantil, pode ser definido como um transtorno intelectual, chamado TEA – Transtorno do Espectro Autismo, que vai desde o nível mais leve, passando pelo moderado até chegar ao nível mais grave.



De acordo com a Assistente Social, Rosa de Araújo, que há mais de dez anos atende famílias com filhos autistas em Picos e faz o encaminhamento dos benefícios sociais, existem algumas características que permitem que os pais identifiquem o transtorno , ainda na primeira infância.

“Existem algumas características que a criança já apresenta na primeira infância. São muitas, mas tem algumas que são mais comuns, em torno de 10 a 20, que precisam estar juntas, combinadas para que a criança seja considerada autista”, explica.

Segundo Rosa de Araújo, o autismo precisa ser tratado por uma equipe multiprofissional. “Muitos pais ainda não têm esse diagnostico fechado. O autismo tem que ser tratado por uma equipe multiprofissional, e nela deve estar incluída a assistente social, a neuro, a psiquiatra, a terapeuta ocupacional, a fonoaudióloga e a partir dos 7 anos entra a figura da psicopedagoga, quando a criança  já está na fase escolar”, acrescentou.

Assistente Social Dra. Rosa de Araújo. (Foto: Antonio Rocha)

Alguns pais ainda não têm esse diagnostico fechado, então se faz exames para detectar alguma lesão cerebral e se não houver, será necessário avaliar o comportamento, diagnostico é clinico. Via de regra, surge essa pergunta, meu filho é um autista? Alguns pais confundem o fato da criança ser imperativa com as características do espectro autismo. Fazendo-se necessário esse paralelo entre mudanças comportamentais  e a possibilidade dessa criança vir a  ser portadora de TEA. 

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CARACTERÍSTICAS DO AUTISMO

Algumas pessoas podem apresentar algumas ou mais de uma dessas características: 

1-Registem a métodos normais de ensino: a mãe diz: eu ensino da mesma forma, mas o irmão aprende e ele não. O autista é conhecido como a criança que tem a síndrome do planeta estranho, ele tem um mundo só dele voltado para ele, então o que serve para educar o irmão não serve para ele, o método de ensino para a criança autista vai ser completamente diferente.

2-Ausência de medo: Ele não tem medo de perigo nenhum ele não tem esse discernimento. Ele se joga em cima do perigo.

3-Resiste a mudança de rotina: A rotina para ele é um norte. Se ele vai dormir um dia em algum lugar que ele ver que é outro, que as pessoas que estão em volta são outras, então ele se desespera e entra em crise. É muito comum os pais dizerem que fazem tratamento aqui e quando vão para Teresina, tem o referencial da CEIR, quando vão passar um único dia em Teresina para fazer a consulta entram em crise, por que há uma quebra da rotina, ele vê dentro de casa objetos e pessoas que são comuns no dia-a-dia. A rotina funciona para ele como uma ponte, entre o mundo real e o imaginário. Se você quebra ele se desnorteia.

4-Rejeita carinho: isso é muito comum, você vai abraçar e ele se fecha, não deixa tocar. Eu tenho um paciente que toda vez que beijo a cabeça dele ele limpa, ele rejeita carinho(palavras da Dra. Rosa Araújo Assistente Social da Clinica Santa Ana).

5-Apego inadequado a objeto: O chamado objeto de transição, ou é um ursinho, ou um brinquedo ou um super-herói, boneco, ele não larga, ele se sente seguro quando está com ele.

6-Repete palavras sem sentido aparente. Temos uma paciente que ela conta histórias e histórias e você não sabe o que ela está dizendo, ele diz sons, mas não forma palavras.

7-Risos e gargalhados inadequadas: Via de regra, esse aí quase todos eles apresentam, do nada começam a rir ou a chorar em lugares inadequados.

8-Aparente insensibilidade a dor: o autista se fere, se machuca, o sangue descendo e não pede ajudar a ninguém, o que outra criança correria desesperada pedindo ajuda, para ele não faz sentido nenhum, ele tem uma tolerância muito grande a dor. Por isso uma preocupação muito grande da equipe com os autistas é que são presas fáceis dos maus tratos em casa ou na escola, por que ele não se refere a dor, ele não fala, não verbaliza. É preciso o pai e a mãe estarem sempre atentos e verificar cada ponto do corpo dele para ver se ele não está sendo maltratado.

9-Forma de brincar diferente: Brinca sozinho no cantinho da sala, ou então vai para o quarto e tranca a porta e brinca sozinho, a forma de brincar é diferente, ele não brinca com outras crianças. Por isso que um dos pilares do tratamento é a socialização, ensinar a viver em sociedade, os profissionais vão incentivar a brincar com outras crianças.

10-Não se mistura com outras crianças: não mantém contato visual, é outro exercício que os profissionais irão ensinar, “olha para mim”, e ele o tempo todo de cabeça baixa, falando com você. Nós sabemos muito bem que o cerne de um bom relacionamento afetivo é o olhar na face do outro.

11-Crises de choro e extrema angustia: Alguns chegam a automutilação, nós temos um paciente que passou durante muito tempo criou uma braçadeira feita de EVA com tecido e ela chama passou muito tempo se mordendo, quando está angustiada ela desconta nela mesma, ou ela se bate, ou bate a cabeça na parece ou se morde, hoje ela não faz mais isso.

12-Hiperatividade física marcante: Só por que a criança é hiperativa, não para nunca, não dorme, não sossega, para diminuir a hiperatividade a psiquiatra passa um remedinho, um sossega leão pequenininho que deve ser acompanhada com a terapia.

13-Conduta distante retraída: Esse aí se aplica aos casos mais graves, quando o autista se isola.

14-Age como se fosse surdo: Ele começa a andar e você pode gritar que ele não se vira para olhar para você, para perguntar o que é.

15-Habilidades motoras desniveladas: Estereotipia, ele repete mil vezes o mesmo gesto, ele se sente confortável com isso. Pode ser qualquer gesto, girar alguma coisa, sentar e levantar.
Essas são só algumas das características, se os pais sentiram que elas estão todas juntas ao mesmo tempo em uma criança, eles devem procuram ajuda especializada.

Papel da família

A equipe que trabalha entende que demanda muito esforço e muito carinho e afeto por parte da família, por que não é uma doença, não tem cura, o transtorno é um conjunto de características que a criança vai crescer e vai levar pelo resto da vida, segundo estudiosos, o que vai determinar se essa criança vai crescer de forma saudável e se transformar em um adulto feliz é o modo como ele vai ser tratado pela família e o acompanhamento que ele vai receber da equipe de profissionais, se ele ficar em casa isolado, sem ajuda, a tendência é se transformar em alguém arredio, cheio de complexos que não se relaciona com nenhum, um adulto solitário que nem mesmo se reuni com a família, que se fecha dentro de sua própria concha, apesar de a inteligência dele continua lá, é preservada.


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