O estado é o 4º com
a maior desigualdade do país, nesse quesito
Apesar de ser um estado de referência no setor de
saúde na região meio-norte do Brasil, graças principalmente a Teresina, o Piauí
apresenta um alto índice de desigualdade na oferta de médicos entre ricos e
pobres. De acordo com a pesquisa Demografia Médica no Brasil, realizada pelo
Conselho Federal de Medicina (CFM) e Conselho Regional de Medicina do Estado de
São Paulo (Cremesp), a rede pública de saúde do Piauí possui 8,46 menos médicos
do que rede privada. É o quarto estado com mais desigualdade no País, nesse
quesito.
De acordo com o levantamento, enquanto que os
214.293 usuários de planos de saúde têm a sua disposição 12,02 médicos para
cada 1.000 habitantes, os outros 2.904.722 piauienses que utilizam somente o
SUS contam apenas com 1,42 para cada 1.000 usuários, o que dá a diferença de
8,46. No Brasil, apenas a Bahia (com diferença de 12,09), o Acre (9,74) e o
Pará (9,62) são mais desiguais nesse critério. No Brasil, a média de desigualdade
é de 3,90, a favor da rede privada.
A pesquisa revela que, enquanto nos estados mais
ricos do Brasil, há mais oferta de médicos na rede pública, nos estados mais
pobres, a diferença de oferta de médicos entre as pessoas mais ricas e a mais
pobres é maior. No Rio de Janeiro, por exemplo, a desigualdade entre oferta de
médicos na rede pública e privada é de apenas 1,63. Isso porque, naquele
estado, enquanto que cada usuário de plano de saúde tem 5,92 médicos para cada
1.000 habitantes, os usuários do SUS contam com 3,63 médicos para cada 1.000
habitantes. Na pesquisa, observa-se que os que têm planos de saúde no Piauí têm
mais médicos à disposição do que no Estado do RJ (12 médicos para cada 1.000
habitantes no PI e 5,92 no RJ).
O levantamento mostra ainda a concentração de
médicos nas capitais, com ausência de profissionais no interior. Enquanto que
no Piauí há 2,15 médicos para cada 1.000 habitantes (considerando posto de
trabalho), em Teresina o número é o dobro: 4,43 profissionais para cada 1.000
habitantes. Disparidade maior entre capital e interior ocorrem no Espírito
Santo (17 médicos para cada 1.000 usuários na capital e 4,15 no Estado), Santa
Catarina (10,48 em Florianópolis e 3,34 no Estado) e Minas Gerais (10,31 em
Belo Horizonte e 3,81 no Estado).
O documento conclui que, sem uma política eficaz de
presença do Estado, de atração e de valorização dos médicos nessas regiões
menos assistidas, é possível supor que o aumento do efetivo médico acentuará
ainda mais as desigualdades da distribuição dos profissionais.
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