No ar, um novo jeito de olhar para a cidadania


TERESINA - Francisco de Assis Pereira da Silva (O Chicão), 60 anos, tinha um sonho de infância: queria ser locutor de rádio. Aos 42 anos ele perdeu a visão e, de lá para cá, entre uma luta e outra (já que Chicão é dono de cinco títulos mundiais e sete títulos brasileiros de queda de braço), alimentou este sonho. Em 2011, quando soube do projeto Um olhar para a cidadania, apoiado pelo Oi Futuro, percebeu que era a hora de realizar o seu sonho. “Eu senti que podia fazer tudo, era só eu querer” relata Chicão.


Neste dia 9 de novembro, às 19 horas, no auditório do Centro Pastoral Paulo VI, em Teresina, ele e mais cinco participantes do projeto, receberão o registro profissional de radialista, válido em todo o território nacional. Para chegar aqui eles cursaram 800 horas aulas, parte delas em uma turma em separado, na qual a metodologia foi desenvolvida especialmente para atender às suas necessidades, ampliando o acesso às técnicas e instrumentos utilizados pelos radialistas. “O rádio é a maior tela do mundo, porque vemos com o olho da imaginação não com os olhos físicos e, por isso, ele é o veículo mais adaptado às pessoas com deficiência visual”, afirma Jessé Barbosa, coordenador do projeto e diretor do Instituto Comradio do Brasil.

Entre as conquistas da iniciativa do Instituto Comradio do Brasil, que usa o rádio para melhorar a autoestima dos cegos e promover a inclusão social, estão: a apresentação de um programa de rádio na Rádio Pioneira, todo sábado, das 16h às 17h, um estúdio adaptado na Associação dos Cegos, campanhas informativas sobre os direitos das pessoas com deficiência e a instituição do Dia de Olhar para a Cidadania que acontece no dia 13 de dezembro. “Conseguimos construir juntos o processo ensino-aprendizagem, eles aprenderam, mas também nos estimularam a desenvolver novas formas de capacitação de pessoas com deficiência visual para a área da comunicação”, afirmou Jessé Barbosa.

Segundo o Censo do IBGE de 2010, da população nacional de 45,6 milhões de brasileiros que têm alguma deficiência, 18,8% têm deficiência visual, representando a maior incidência entre todas. O Nordeste apresentou os maiores percentuais para todas as deficiências (26,6%). E o Piauí é um dos estados brasileiros com o maior índice de deficiência visual aguda: 22,76% da população.

Fonte: Comradio do Brasil

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