Médicos cubanos deixarão o Piauí dentro de 40 dias, diz coordenadora

Com a retirada de Cuba do programa Mais Médicos, os 202 profissionais cubanos que atuam no Piauí deverão deixar o Estado dentro dos próximos 40 dias. A previsão é que até o dia 25 de dezembro, todos os 8 mil médicos que ainda estão no Brasil retornem a Cuba.

A informação foi repassada pela coordenado do Mais Médicos no Piauí, Idivanir Braga. Na manhã de hoje (160, o governo brasileiro e representantes da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) se reuniram para discutir a saída dos profissionais do país.

(Foto: Karina Zambrana /ASCOM/MS)
As controvérsias em torno do fim da parceria entre Brasil e Cuba no programa Mais Médicos também ganhou mais um capítulo nesta sexta, após uma declaração do presidente eleito Jair Bolsonaro sobre o trabalho dos profissionais no país poder ser comparado a um “trabalho escravo”. A fala de Bolsonaro foi rebatida pela coordenação do programa no Piauí: “se fosse trabalho escravo, os médicos cubanos não estariam querendo ficar mais tempo aqui e os que já foram embora, não estariam querendo voltar”, disse Idivanir Braga.

Em entrevista a O Dia, ela declarou que a porcentagem dos salários dos médicos cubanos que é repassada ao governo de Cuba nunca foi motivo de descontentamento dos profissionais, como tem alegado o presidente eleito. Ela conta que tudo foi previamente acordado com o Governo Brasileiro, e inclusive com médicos que aqui chegaram, e que eles entendem que o valor que fica retido em Cuba é investido na melhoria dos serviços do próprio país.

“Esse recurso que vai para Cuba, ele vai para benefício das famílias deles [os profissionais], para educação dos filhos deles, para formação de outros profissionais, uma vez que no país deles, eles têm saúde, educação, segurança de forma gratuita. Então, esses médicos veem que esse recurso que vai para o governo cubano contribui para a melhoria do país deles. E o que a gente sabe é que ninguém é mandado pra vir, eles vêm porque querem”, disse Idivanir.

Revalida

A coordenadora do Mais Médicos no Piauí rebateu também as declarações de Jair Bolsonaro a respeito da necessidade de aplicar o exame de revalida para os médicos cubanos que vêm trabalhar no Brasil. O que Idivanir pontua é que esses profissionais vieram para atender à carência do país nos serviços de atenção básica à saúde e que trabalham aqui com o registro médico de Cuba. Uma vez aprovados no Revalida, estes médicos terão direito ao CRM Brasil e poderão atuar nas demais áreas da saúde, o que significa médicos de fora competindo por vagas com médicos recém-formados pelas universidades brasileiras.

“O acordo com o governo brasileiro pelo Mais Médicos prevê o registro do Ministério da Saúde aos cubanos, uma vez que eles já têm o certificado, já trabalham e são profissionais já reconhecidos no país deles. No entanto, esse registro permite a eles atuarem só na atenção básica. Uma vez que eles façam o Revalida e possam tirar um CRM Brasil, eles poderiam atuar também em qualquer área, poderiam dar plantão, e acho que isso não seria nem de interesse da própria classe médica brasileira, por questão de concorrência e vagas mesmo. É se questionar: seria interessante ter um monte de médico de fora vindo trabalhar aqui?”, destaca.


O Piauí, atualmente, conta com 202 profissionais cubanos atuando pelo Mais Médicos em 101 municípios do interior, sobretudo nas áreas mais distantes dos centros urbanos. Segundo informou a Secretaria de Estado da Saúde, há localidades que possuem um único profissional trabalhando, e ele é cubano. Esses locais podem, portanto, ficar desassistidos na atenção básica.

Fonte: Portal O Dia 

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